Dicas insiders: onde comer em Buenos Aires, na Argentina

Gastronomia Mundo

Buenos Aires, na Argentina, um dos destinos mais procurados pelos brasileiros, também é um grande deleite para os apaixonados pela arte de comer bem.

A jovem chef Giovanna Perrone que o diga. À frente do Casa Rios, no bairro do Tatuapé, em São Paulo, ela, que sempre viaja em busca de inspirações gastronômicas, adora a capital portenha.

No último mês, desembarcou por lá e dedicou-se, durante quatro dias, a descobrir as novidades mais apetitosas.

Foi impossível, claro, visitar todos os restaurantes que merecem destaque neste curto período de tempo, mas ela garante que dá para saborear cada minuto – literalmente – ao máximo.

Aqui, Giovanna compartilha com a CNN Viagem & Gastronomia as dicas de onde comer em Buenos Aires. Aproveitem!

No Nola!, eles se chamam de “cajun gastropub”. É um lugar jovem, descontraído e delicioso. Inspirados na cozinha cajun – um dos pilares da culinária da Louisiana, nos Estados Unidos -, os pratos são repletos de temperos e muito sabor.

Minha indicação é começar com o drinque vermú – ele usam o vermute do La Fuerza, com soda da casa e xarope de cítricos. Para comer, fomos de reina, um sanduíche de frango frito com coleslaw; pollo frito (eles vendem as partes do frango frito separados; nós pedimos as asas); e cornbread, uma espécie de “bolo” de milho adocicada, uma delicia. São diversos molhos disponíveis – o melhor para mim é o jalapenõ cilantro.

Mishiguene

Mishiguene, casa com influência judaica que figura na lista dos 50 melhores da América Latina / Giovanna Perrone

Mishiguene, restaurante do chef Tomas Kalika, era um dos que estava mais ansiosa para conhecer e adorei. Atualmente, ocupa o 20º lugar na lista do Latin America’s 50 Best Restaurants. A cozinha tem influência judaica e os pratos são muito bem executados.

De entrada, pedimos a babaganoush e o kibbeh naia, ambas simplesmente deliciosas, frescas, cheias de texturas incríveis. E junto, veio uma cesta de pães com pasta de cebolas e crocante de frango, picles e azeite.

Para o principal, fomos com o famoso pastrón com hueso, um pastrami de costela, servido com um risoto de farfalaj e molho da cocção com mel e conhaque.

Confesso que esse prato principal me decepcionou um pouco: veio um tanto frio para a mesa, o que para um prato de carne com molho demi glace é bem frustrante. Estava tudo correto, porém sem grandes emoções, faltavam texturas e acidez para contrastar com a carne defumada e a massa.

Para conhecer o Mishiguene é preciso fazer reserva.

La Alacena

La Alacena, restaurante italiano que oferece boas massas frescas feitas na casa / Giovanna Perrone

La Alacena é um restaurante italiano aconchegante da chef Julieta Oriolo. É o típico local que todos desejam para uma comida comfort, com massa fresca superbem feita e no ponto ideal. O ponto alto do almoço foi o ravioli de vitelo com creme de patê, cebolas caramelizadas e sálvia.

La Carniceria é um lugar pequeno com uma super parrila e uma baita carne. Para começar pedimos as mollejas com pão de milho, mel, alho negro e coalhada, que estava deliciosas.

Depois, pedimos um corte parrila,um chorizo. E supriu todo o nosso desejo por carne, estava tudo muito bom.

El Preferido, aberto em 2019, é dos mesmos donos do famoso Don Julio, e ficou marcado como um dos meus restaurantes favoritos da vida.

Exatamente o tipo de lugar que me cativa: ingredientes sazonais, foco no produto, sem firulas e extremamente bem executado. A dica é simples: coma o máximo possível do menu. O milanesa é realmente incrível, assim como a morcilla, os embutidos da casa, os mexilhões do Rio Negro (os melhores da vida), a trilha curada e fainá. Para finalizar, peça os sorvetes feitos in loco.

Don Julio 

Don Julio dispensa apresentações. Atualmente ocupa o 1º lugar no ranking do Latin America’s 50 Best Restaurants e confesso que quando vou a um restaurante com muita fama, que já se tornou ponto turístico, tenho uma tendência a achar que vou me decepcionar.

Aqui acho importante falar além da comida: esse restaurante impacta a vida de muitos, e se preocupa com toda a cadeia que os cerca. Eles ocuparam uma praça abandonada, com a autorização da prefeitura e investimento 100% privado, para fazer uma horta urbana onde qualquer cidadão pode colher ervas e folhas gratuitamente, oferecer cursos e uma composteira para lixos orgânicos.

Na carniceria (açougue que abriu durante a pandemia para dar vazão ao volume de carnes que não estavam sendo vendidas nos restaurantes), eles fazem questão de usar o animal por completo, pensando em cada etapa e cada corte.

No restaurante, comemos extremamente bem. Foco para o curado de picanha, os pimentões marinados, a entraña, a abóbora e a panqueca de doce de leite. Resumindo, vale a pena? Muito! Mas não vá com olhos apenas de turistas, procure entender o porquê de tanta fama.

Obviamente, aqui é imprescindível fazer reserva.

Chori!

Dos mesmos donos do La Carniceria, a Chori Choripanes faz os melhores choripanes de Buenos Aires. Tudo é feito lá, desde o pão até aos diversos tipos de linguiça. Nós comemos o cerdo ahumado, com cogumelos, alface, redução de laranja e maionese de alho.

Gran Dabbang

Gran Dabbang tem cozinha de influência hindú. Fiquei extremamente impressionada com a quantidade de sabor presente na comida.

Acidez, crocância, frescor, suculência… estava tudo ali! Que surpresa boa, simplesmente indispensável. O preferido da noite foi o alho poró no forno a lenha com goiaba e castanhas portuguesas frescas.

Nuestra Parrilla

No famoso Mercado de San Telmo, servem um choripán raiz. O Nuestra Parrilla fica na saída do mercado e está aberto há mais de 20 anos. Tradicional e delicioso, vale a visita!

Café Mishiguene

O novo Café Mishiguene tem cozinha informal e deliciosa com sotaque judaico / Giovanna Perrone

Café Mishiguene, do mesmo chef do Mishiguene, o café recém-aberto propõe uma cozinha mais descontraída. E tenho de confessar que gostei mais do Café Mishiguene do que do restaurante.

Chegue cedo e peça tudo que conseguir comer. Minhas dicas são o homus, os pimentões em conserva, a laffa, a bureka de papa e sanduíche de pastrón. Parada obrigatória! Servem café da manhã também.

Niño Gordo

Giovanna Perrone no Niño Gordo, um izakaya moderno em Buenos Aires / Acervo pessoal

Nino Gordo se intitula de churrascaria asiática. Mas na minha opinião se trata de um izakaya criativo. Sou apaixonada por cozinha asiática e fiquei extremamente feliz com o nosso jantar. Faça reserva e vá sem medo de ser feliz. Tudo é bom!

Mais dicas de onde tomar café da manhã e fazer pequenos lanches

Narda Comedor: se tiver tempo, programe-se para passar uma manhã lá e quem sabe até almoçar. O lugar é uma delícia, o cardápio é bem divertido com opções de sanduíches, iogurtes, tostas, saladas, mezzalunas, alfajores e tortas. A torta de queijo com doce de tomate de árvore é “dos deuses”.

Atelier Fuerza: uma padaria artesanal com pães e mezzalunas divinas. Dica: os melhores alfajores são os daqui, compre muitos, coloque em um pote e traga na mala!

Juani Café: uma esquina muito charmosa para tomar um café coado delicioso no meio da tarde

Casa Cavia é um verdadeiro oásis no meio da capital portenha / Giovanna Perrone

Casa Cavia: aqui só conseguimos beber um chá e uma taça de vinho, infelizmente. Porém, é o tipo de lugar que vale ir mesmo se for para apenas beber um chá. O lugar é lindo, um retiro no meio da cidade. Não conseguimos almoçar lá, mas deixo como uma dica de um lugar romântico para ser aproveitado com calma.

Sorvete da Antiche Tentazioni / Giovanna Perrone

Antiche Tentazioni: um sorvete sempre vai bem, né? Aqui a pedida foi doce de leite e pistache, e que delícia de gelato!

Bares em Buenos Aires 

Três Monos: antes do jantar, para abrir o apetite, fomos ao bar Três Monos que é o nº 33 no 50 Best Bars. Coquetelaria elegante, feita com precisão em ambiente jovem e animado. Abre todos os dias de tarde até de madrugada, não tem desculpa para não ir! O melhor drinque da noite foi o Fuck Your Daikiri.

Floreria Atlântico: atualmente ocupa o 5º lugar na lista dos 50 Best Bars, com carta assinada pelo renomado bartender Tatto Giovannoni. O bar fica em uma loja de flores, onde você desce uma escada e dá de cara com um bar comprido e muito animado.

Chegamos no finalzinho, porém estavam a todo vapor, música alta e todos pareciam estar altos também. Não foi o melhor serviço e nem o melhor drinque, acredito que nesse caso a alta expectativa atrapalhou. Com certeza eu voltaria mais cedo para conseguir ter uma visita menos caótica.

Los Galgos:  um lugar supertradicional, daqueles cafés/bar que os garçons têm 40 anos de carteira assinada. Tomamos apenas um vermú, mas vale conhecer.

El Limón: um bar jovem, descontraído e com drinques extremamente bem executados. Se você ama coquetéis, aqui é o lugar.

La Fuerza: bar da marca de vermutes argentinos La Fuerza. Tomamos alguns vermutes e aproveitamos para comprar um de cada para trazer na mala. Dica: se tiver, peça para provar ou levar a aguardente de pera chamada Cristalino.

Bar da marca de vermutes argentinos La Fuerza / Giovanna Perrone

Voltei para o Brasil com uma lista maior do que a que fui de restaurantes para visitar. Espero voltar em breve para desbravar todos os sabores que a linda Buenos Aires oferece.

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