O Brasil é o quinto no mundo em assassinato de mulheres. Em 2021, durante a pandemia, 17 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência.
Diante de dados alarmantes, a equipe da Record TV cruzou quatros estados – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo -, onde os números são ainda mais trágicos, para acompanhar a luta de mulheres que enfrentam o desafio diário de reaprender a viver. Elas quase morreram nas mãos dos seus companheiros.
A reportagem exclusiva é de Mariane Salerno, Rogério Guimarães e Mariana Ferrari.
Geysa sobreviveu aos golpes de facão, mas teve as duas mãos arrancadas pelo marido, com quem viveu durante um ano e meio. A vida dela mudou completamente depois da mutilação.
“A mão é tudo, é a vida da gente. A dor que eu sinto hoje é que eu não posso fazer mais as minhas coisas, eu não consigo”, desabafa.
Assim como a Geysa, Ingrid é uma sobrevivente. Hoje ela encara uma nova rotina junto do filho. Um menino de 11 anos que se tornou o principal apoio para mãe.
Aos 34 anos, Ingrid levou um tiro no ombro num assalto na farmácia onde trabalhava. “Eu perdi os movimentos da cintura para baixo, quase fiquei tetraplégica”, conta. O roubo havia sido encomendado pelo próprio marido, que a queria morta por causa de ciúmes.”Ele deu R$ 5 mil aos bandidos e parcelou R$ 13 mil”, revela. Totaliando R$ 18 mil para assassinar a esposa.
Mesmo com o agressor preso, muitas mulheres ainda se sentem ameaçadas e vivem sob algum tipo de proteção. Como o caso de Ângela e Roseli.
Ângela sofreu vários golpes de canivete no pescoço na saída do trabalho, há quase um ano. O agressor: o ex-marido, inconformado com o fim do casamento de mais de duas décadas. “Foram 79 pontos ao todo”, relembra. O ex foi preso quase um mês depois da tentativa de feminicídio e ela passou a receber visitas da Guarda Civil Metropolitana.
Roseli também foi atacada pelo ex-companheiro, que não aceitou a separação. “Ele mirou a arma para mim e atirou. Eu estava com duas crianças, uma no colo, bebê, e a outra do meu lado. Os dois tiros acertaram minha coluna. Fiquei seis meses no hospital”, conta.
Todas as vítimas vão carregar sequelas para sempre. O Repórter Record Investigação acompanhou a recuperação de Cristiane, que enfrentou inúmeras cirurgias após um idoso atear fogo no corpo dela, simplesmente porque ela disse não ao homem.
E mais: a equipe conversou com as famílias de mulheres assassinadas, que ainda sofrem com a perda recente.