Já tem três dias que o apresentador André Marques provou e desaprovou o tereré no programa ‘É de Casa’ e, ainda assim, o assunto dá o que falar nas redes sociais.
Isso porque não bastou não gostar da bebida típica de MS: Marques chegou a cuspir a bebida e ainda disse que era uma das piores coisas que havia provado.
Nas redes sociais, a maioria dos sul-mato-grossenses relevaram a “audácia” do apresentador e afirmam que o tereré, bebida originária do Paraguai, é ‘só para os fortes’.
No programa, Patrícia Poeta, gaúcha e acostumada com o sabor forte do chimarrão, logo se pronunciou: “André, assim você acaba com a gente”, rebateu. “Parece boldo”, insistiu André Marques. “Me falaram que é igual comida japonesa, quanto mais você vai provando, você vai se acostumando”, disse Tati Machado.
“Acho impossível eu me acostumar com isso”, insistiu André Marques.
Sul-mato-grossenses reagem
Em postagem do Campo Grande Mil Grau no Facebook, os moradores opinaram. Uma internauta disse que a explicação para a reação de André é que o copo de tereré estava com água servida há algum tempo e, por isso, esquentou a erva e ficou amarga.
“Certeza que já tinham tomado e estava parado há um tempão, fica forte demais”, pontuou.
Outro celebrou a cultura e ignorou a reação do apresentador. “tereré é para os fortes! Viva nossa cultura, nosso maravilhoso tereré”, escreveu morador. Outros acharam um desrespeito. “Falta de respeito com a cultura sul-mato-grossense! Não gostou, ok! Mas fazer o que ele fez é ser mal-educado”, pontua internauta.
Atores de Pantanal são apaixonados por tereré
Depois de três meses no Pantanal de Mato Grosso do Sul gravando a novela homônima, os atores foram embora e levaram a nossa cultura para o Projac.
Além de Marcos Palmeira, que se mostrou extremamente viciado na bebida e até serviu ao filho de Almir Sater, o ator José Loreto voltou a gravar nos estúdios da emissora e não deixou de levar a garrafa térmica com água gelada e um copo cheio de erva.
Em MS, Loreto ganhou os produtos personalizados ao seu estilo. Ainda com cara de sono, surgiu nos stories do ator e cantor Guito, que revelou a entrada da bebida no Projac, que fica no Rio de Janeiro.
“Olha o que meu cumpadi trouxe pra nóis, ó”, mostrou Guito, que será Tibério, papel que foi de Sérgio Reis na versão original de “Pantanal”. “Não pode faltar”, completou José Loreto, já acostumado a tomar tereré e também praticamente dependente da tradição pantaneira. “Agora nós tamo no Pantanal memo”, encerrou Guito. Depois, Loreto expôs o amigo. “Só chupando meu tereré”, filmou ele, exibindo o cantor se acabando com sua guampa.
Tereré é patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco
O tereré, bebida típica do Paraguai e incorporado à cultura sul-mato-grossense, foi declarado patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em 2020.
A candidatura das “Práticas e Saberes Tradicionais Tereré na cultura Pohã Ñana” foi feita em março de 2019 pelo Paraguai e aceito durante videoconferência de votação dos membros do Comitê de Patrimônio da Unesco. É a primeira vez que o país consegue incluir um item na lista de patrimônios imateriais.
Em Campo Grande, apesar de vendido na maioria dos supermercados da cidade, a erva para preparo da bebida tem como “casa” o Mercadão Municipal, com suas tradicionais bancas de erva de tereré.
A história do tereré
Se há uma tradição que resiste ao tempo em Mato Grosso do Sul é o hábito de tomar tereré, cuja ancestralidade pode remeter há séculos, herdado dos indígenas e dos paraguaios. A bebida que faz infusão da erva-mate com água geladíssima (às vezes, combinada com hortelã, limão ou outros ingredientes) é alívio para os frequentes dias quentes. Mas, até no inverno o costume é presenciado nas residências, nas ruas e até em ambiente de trabalho.
Não foi à toa, portanto, que o tereré conquistou o status de Patrimônio Imaterial de Mato Grosso do Sul quando, em 2011, o Conselho Estadual de Cultura deliberou por seu tombamento no Livro de Registro dos Saberes. “Seu consumo no município remonta ao passado, ao surgimento das comunidades de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, que floresceram face ao ‘Ciclo da Erva-Mate’, continuando presente nos hábitos da população desta região”, traz trecho do parecer, que posteriormente fundamentou decreto estadual.
Mas, por trás do costume — cabe destacar — seguem ocultas quase seis décadas marcadas por atos de ganância, autoritarismo e perversão, entre o final do Século XIX e início do Século XX. A história que precede e ajuda a explicar o hábito do tereré está casada com o ciclo econômico dos ervais na região sul do Estado. Uma história de horror que segue pouco lembrada e ignorada pelas gerações atuais.
A reportagem completa do Midiamax sobre a história da bebida pode ser acessa aqui.
Fonte: midiamax