Rodrigo Caio triunfou após 159 dias sem jogar. Venceu a desconfiança externa, superou etapas de trabalho em até três períodos diários e desistiu de desafiar o próprio corpo.
Grande notícia da noite em Volta Redonda, talvez até mais relevante do que a vitória por 2 a 0 sobre o Altos, a volta do zagueiro foi celebrada com frases firmes e lições: saúde é o que interessa e limites merecem ser respeitados.
– É um pouco da minha criação, sempre fui um cara muito convicto do que eu quero. Dos meus sonhos, desejos e vontades. E isso é algo que sempre veio de dentro de mim. Com 15 anos, quando tive minha primeira lesão, uma lesão muito séria, algumas pessoas diziam que eu não voltaria a jogar. E eu mostrei para mim mesmo, junto com a minha família e Deus, que voltaria.
– E voltaria mais forte do que nunca. A minha vida se resume a ser um sobrevivente. Então eu nunca vou desistir dos meus sonhos, do que quero e daquilo que eu acredito como pessoa. Para mim, isso é uma questão de vida. Fico muito honrado em poder retornar novamente com saúde, em poder fazer o que eu amo e voltar a ajudar meus companheiros. Vamos em frente que a história do Rodrigo só está começando – disse em longa entrevista na zona mista.
O gol de Gabigol, o primeiro do triunfo que conduziu o Flamengo às oitavas de final da Copa do Brasil, teve Rodrigo Caio como grande alvo dos cumprimentos e pulos dos companheiros. O momento fez o capitão rubro-negro na noite de quarta-feira se sentir literalmente abraçado.
– Foi um momento marcante para mim. Eu senti um carinho e uma amizade muito grande. Isso foi muito importante para que eu pudesse chegar hoje e fazer o meu trabalho bem feito. O Gabi brincou comigo que se tivesse um pênalti enquanto eu estivesse no campo eu iria bater.
– Na hora que teve o pênalti, olhei para ele brincando e disse: “Era para eu bater” (risos). Mas feliz demais primeiramente por ter voltado e por poder fazer parte desse grupo maravilhoso, dessa família Flamengo. Que a gente possa seguir nesse trabalho duro e sério para podermos alcançar os nossos objetivos.
Rodrigo Caio é procurado por Gabigol para o abraço do primeiro gol do Flamengo — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo
Rodrigo Caio, de 28 anos (faz 29 em agosto), repetiu à exaustão que só voltaria quando se sentisse saudável. E disse que 2021 o fez aprender o quanto é necessário não forçar a barra em momentos nos quais o corpo pede uma pausa.
– O ano de 2021 foi muito difícil para mim. Segurei o máximo porque eu não queria ficar fora dos jogos. E eu levei o meu corpo ao maior limite possível. Infelizmente a gente paga o preço em algum momento, e eu paguei esse preço. Em algum momento eu achei que era mais forte do que a dor, e a gente não é mais forte que a dor. Hoje eu entendo que a gente tem um limite e precisa respeitar esse limite.