Carne, leite, produtos de limpeza, guloseimas infantis e uma “surpresa” fazem a lista do “Top 5” que muitos consumidores vão comprar quando começarem a receber os R$ 200 a mais do Auxílio Brasil, que começará a ser pago a partir do fim de agosto. O benefício, que hoje é de R$ 400, em média, vai passar para R$ 600 próximo mês – tudo vai depender do ritmo da Câmara dos Deputados. O Senado já aprovou o aumento proposto pelo presidente Jair Bolsonaro.
O que os beneficiários do Auxílio Brasil não podem esquecer é que esses R$ 200 a mais só vão valer até dezembro deste ano. A partir de janeiro de 2023, o valor pago voltará a ser de R$ 400. Esse prazo é o mesmo para as alíquotas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nos combustíveis, energia elétrica, transporte e comunicação – que agora estão em 17%, mas em janeiro voltarão aos patamares de junho.
Enquanto janeiro não vem, a população que recebe o Auxílio Brasil já vai fazendo planos sobre o que fazer com R$ 200 a mais. Para a vendedora Franciele Ribas, 33, não tem nem o que discutir. Ela disse que vai comprar carne bovina, leite achocolatado para as crianças, produtos de limpeza de melhor qualidade, outros tipos de massas (fora a do tipo espaguete) e uma “surpresa”, que está na dúvida hambúrguer e um pote de sorvete. “Não tem coisa melhor que agradar uma criança. É muito bom”, disse Franciele.
O gerente de supermercado Anderson Ribeiro, 43, antecipou que haverá um festival de promoções quando o dinheiro a mais do Auxílio Brasil realmente estiver prestes a ser liberado. No comando de um mercado no bairro Aero Rancho, Anderson acredita que o consumo de alimentos vai crescer e garante que fará de tudo para que os preços não aumentem, embora ele mesmo admita que não depende só dele. “Estou percebendo que o povo quer mesmo voltar a comer aquele bife”, brinca o gerente, que também diminuiu o consumo de carne vermelho.
Para Raimundo Santos, 54, que procura um trabalho, os R$ 200 a mais de Auxílio será gasto em coisas que ele nunca mais pôde comprar. O primeiro item é a carne bovina, o segundo será uma variedade de produtos de limpeza, além de frango, temperos mais gostos e um mimo para as crianças das famílias: bolacha recheada. “Meus netos vão comer biscoito recheado de chocolate e de morango. Eles gostam muito. E todo mundo vai voltar a comer carne, nem que só ‘patinho’ e ‘colchão mole’. Uma mesa farta é outra história”, desabafou Raimundo.
Elisângela Martins, 50, que procura uma recolocação em um trabalho no setor de comércio, informou que a carne bovina é um item que deixou muita saudade, mas ela deixou claro que vai comprar um pouco mais de tudo – feijão, arroz, macarrão, óleo, manteiga – e que vai fazer um ‘agrado’ para os filhos com uma caixa de chocolate. “Uma surpresa nas compras é sempre bom, principalmente se for para as crianças”, disse Elisângela.
Já a cuidadora de idosos Cleide Cardoso, que chegou a receber o Auxílio Emergencial da pandemia, mas que agora não recebe o Auxílio Brasil por se reinserir no mercado de trabalho, disse que as surpresas em casa já começaram quando recebeu o primeiro salário. Ela acredita que o mundo está querendo acabar com os mais pobres e sua teoria baseia-se na velocidade em que os alimentos vão ficando mais caros. “Agradeço a Deus por estar trabalhando, mas a situação – de uma maneira geral – está mais difícil. Voltei a trabalhar e sempre alguma comida que meus filhos gostam. Eles amam doces, biscoitos e sorvetes”, comentou.
Em Campo Grande, o custo de uma cesta básica – de acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) – está em R$ 702,65, ou seja, o valor supera em R$ 102,65 o preço de uma única parcela do Auxílio Brasil já com o aumento de R$ 200 válidos até dezembro. No acumulado do ano, a alta de preços está em 9,55%. Nos últimos 12 meses, a alta ficou em 23,97%. Para quem é remunerado com um salário mínimo, cujo valor se encontra em R$ 1.212,00, será necessário gastar 62,6% só para garantir o alimento básico.
O público que recebe o Auxílio Brasil normalmente está fora da faixa socioeconômica detentora de um automóvel. Com o preço do litro da gasolina em torno de R$ 5,39, os R$ 200 a mais não daria para encher o tanque de um veículo comum, que normalmente é de 44 litros. Neste caso, daria para colocar 37 litros. Porém, na maior parte das motos – cujos tanques têm capacidade para 16 litros, em média – daria para encher logo dois e ainda reservar cinco litros para um abastecimento futuro.
Fonte: midiamax