Morre o jornalista Carlos Brickmann, aos 78 anos

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O jornalista e colunista do Diário Carlos Brickmann morreu neste sábado (17), aos 78 anos. Ele estava internado havia dois meses no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para tratar de infecção urinária, que evoluiu para generalizada. O velório ocorre neste domingo (18), a partir das 11h30, no Cemitério Israelita do Butantã, onde também será realizado o enterro, às 13h.

Com passagens em veículos como Folha de S.Paulo e Correio Popular, ele mantinha desde 1998 coluna publicada às quartas-feiras e aos domingos no Diário, em que comentava sobre política e economia. Brickmann deu entrada no hospital com infecção urinária.

“Ele se recuperou depois de algum tempo. Foi para o quarto. Já estava cheio de planos, conversando. Há cerca de um mês teve uma recaída da infecção e estava na UTI desde então, lutando pela vida”, relembra a jornalista Marli Gonçalves, que atua na Brickmann&Associados Comunicação.

Nascido em Franca, Interior de São Paulo, em 1944, o jornalista foi repórter, editor-chefe, diretor, assessor, consultor e colunista. A história de Brickmann começou cedo, em 1963. O tio dele viu um anúncio para a vaga de copydesk na Folha de S.Paulo e, aos 18 anos, o jovem foi aprovado para ingressar na função. Ele atuou por um ano na edição caipira, enviada ao Interior, e foi o editor mais jovem da editoria internacional (na época chamada de subsecretário de Mundo).

O legado de quase seis décadas de Brickmann marca as páginas de diversos jornais. Passou pela sucursal de São Paulo do Jornal do Brasil (1964), pela edição de esportes de O Estado de S.Paulo (1965), Jornal da Tarde (1966, ao integrar a equipe que fundou o periódico), e revista Visão (1974). Entre 1978 e 1980, foi diretor na Rede Bandeirantes de Televisão.

Com o trabalho na emissora, ganhou quatro prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, dois pelo Jornal Bandeirantes, dois pelo melhor programa de entrevistas, Encontro com a Imprensa.

Cinco anos depois, em 1983, foi o primeiro repórter a cobrir a campanha e manifestações pelas eleições diretas para presidente da República. Esse fato emplacou uma das manchetes mais marcantes da carreira do jornalista e garantiu a ele o destaque na seleção das 100 grandes reportagens da Folha de S.Paulo, em 2021.

O texto histórico “300 mil nas ruas pelas diretas” foi manchete na edição de 26 de janeiro de 1984. No mesmo ano, Brickmann aceitou o desafio de participar da reestruturação da Folha da Tarde, periódico vespertino da Empresa Folha da Manhã. A experiência e competência de Brickmann foram fundamentais para reformular o jornal que passava por problemas financeiros.

Com humor, senso crítico e credibilidade, ele ficou quatro anos como editor-chefe e colunista, o que triplicou as vendas de exemplares nas bancas. Deixou o jornal em 1989 para participar da campanha de Paulo Maluf, na época do PDS (Partido Democrático Social). Com a perda do político na corrida presidencial, Brickmann voltou à Folha da Tarde e ficou até 1991, quando se tornou diretor de comunicação da Vasp. 

Ainda com Maluf, integrou a coordenação da equipe de campanha do político para a Prefeitura de São Paulo, que garantiu vitória dele em 1992.

“Um bom jornalista tem de ter sorte”, dizia Brickmann. Mas, além da sorte, a jornada dele foi marcada pela essência e o ímpeto de um repórter que desejava deixar sua marca no jornalismo nacional – e assim o fez. Os textos de Brickmann estavam presentes no Diário desde 1998.

A criticidade e ironia misturadas com a experiência jornalística faziam parte de cada publicação. Apenas em 2022, publicou 76 textos para a Coluna Carlos Brickmann, sendo o último em 12 de outubro, intitulado de “O ovo, o pinto, a galinha”.

Brickmann deixa a esposa Berta Waismann Brickmann e dois filhos, Rafael e Ester.

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