As demissões da Amazon afetarão mais de 17 mil funcionários, número 70% maior do que a empresa planejava inicialmente, de acordo com fontes da agência Dow Jones. O número representa a maior redução em quadro de funcionários reveladas até agora em uma grande empresa de tecnologia.
Em novembro, a Amazon alegou que os cortes afetariam cerca de 3% do quadro corporativo e não deveriam atingir os trabalhadores de depósito. A redução de pessoal ainda se concentra nas áreas corporativas, embora não seja mais possível alegar que algum setor será poupado.
À imprensa, a companhia alegou no ano passado estar demitindo para enxugar custos. Na época, a gigante do e-commerce esperava que as demissões totalizassem cerca de 10 mil funcionários.
Muitos dos 17 mil funcionários afetados já foram informados ou demitidos até o fim dezembro, portanto. O restante dos desligamentos será feito nas próximas semanas, segundo a Dow Jones.
Ascensão e queda
A Amazon teve um crescimento expressivo durante a pandemia, dobrou sua rede logística e adicionou centenas de milhares de funcionários. Com o boom das vendas on-line, as perspectivas para a companhia fundada por Jeff Bezos eram as mais otimistas. Em julho de 2021, a empresa atingiu um valor de mercado recorde de US$ 1,88 trilhão.
Quando a demanda começou a diminuir com os clientes voltando a fazer compras nas lojas físicas, o “novo normal” foi ficando cada vez mais distante da realidade. Com a virada de cenário, afundaram também os humores do mercado com as empresas de crescimento, caso da Amazon, que têm fluxo de caixa elevado e projeções de retorno a prazos maiores.
A inflação crescente nos EUA, políticas monetárias mais rígidas e projeções de lucros decepcionantes resultaram em uma liquidação histórica das ações da Amazon. A empresa perdeu mais de US$ 850 bilhões em valor de mercado no ano até o dia 27 de dezembro, cerca de 50% de derretimento na bolsa em 2022 até os atuais US$ 847 bilhões.
Em reação à piora de cenário para os papéis, a Amazon iniciou uma ampla revisão de corte de custos para reduzir as unidades que não eram lucrativas. Ainda no semestre passado, a empresa fez cortes direcionados para reduzir custos, fechando lojas físicas e unidades de negócios como a Amazon Care. No fim do ano, anunciou um congelamento de contratações em toda a empresa antes de decidir dispensar funcionários.
A Amazon é a primeira empresa de capital aberto do mundo a perder US$ 1 trilhão em valor de mercado, um reconhecimento nada honroso para a companhia que já foi lembrada como a mais valiosa do planeta.