Bruno Borges nasceu em Cabo Verde mas, aos 10 anos, mudou-se com a família para Lisboa, onde cresceu. Oito anos mais tarde, contudo, fez as malas e mudou-se para Espanha “à procura de uma aventura”. Sem conhecer ninguém, partiu à descoberta daquele país, onde, durante um ano, trabalhou na construção civil para pagar as contas básicas.
“Conclui a escolaridade obrigatória em Portugal e depois não sabia muito bem o que fazer, então decidi arriscar e não me arrependi”, explica à NiT Bruno, que agora tem 34 anos.
Apesar de ter sido uma experiência “gratificante”, ao fim de um ano mudou-se de novo, desta vez para França, onde a mãe e o irmão, Cláudio Borges, um ano mais novo, viviam. “Ele tinha ido um pouco antes e já estava mais ambientado, pelo que me ajudou a adaptar. Foi em Paris que os dois estudámos hotelaria e restauração, áreas às quais nos dedicamos desde então”.
Enquanto Bruno apostou no serviço de sala, Cláudio encontrou o seu lugar na cozinha. “Ele tem um currículo incrível. Trabalhou, por exemplo, no restaurante Epicure, que tem três estrelas Michelin e fica no hotel Le Bristol. Já eu passei pelo Le Saint Lazare, uma brasserie de luxo, com o chef Éric Frechon”.
Em 2017, numa altura em que a vida ganhara finalmente rumo, mudou-se para Berna, na Suíça. “Além da restauração, gosto muito de investir e achei que era o sítio ideal para o fazer. Dá-me a oportunidade de ganhar mais para fazer mais”, diz o empreendedor que tem ainda uma fábrica de produção de gelo para navios de pesca, em Cabo Verde.
Como cresceu em Portugal, Bruno sentiu vontade de ter um negócio por cá, ainda que o esteja a liderar a partir do estrangeiro. Para isso, juntou-se a Cláudio e a Luís Tavares (33), o outro irmão da dupla, responsável pela gestão do espaço e que é o único que não está emigrado. Juntos, abriram o restaurante L’Instinct, em novembro do ano passado, no Campo Grande.
“Sempre quis ter um projeto gastronómico próprio. Desafiei então o Cláudio e o Luís para se juntarem a mim. Um desenvolveu o menu e o outro trata da organização de tudo”, relata o empresário.
“Inicialmente, a grande aposta era a cozinha francesa, mas rapidamente vimos que, no sítio em que estava, esta não era a melhor opção. O Campo Grande é uma zona de muitos trabalhadores, que não se interessavam tanto por esses pratos gourmet. Na pausa do trabalho, sobretudo, as pessoas preferem mais vezes quantidade do que qualidade. Para satisfazer quem nos procurava, adaptamos a carta e agora servimos propostas típicas da cozinha nacional. Vez ou outra podemos inserir uma sugestão diferente”.
Se passar pelo L’Instinct nos próximos dias, vai encontrar propostas carregadas, como a feijoada de chocos (10,99€), a picanha grelhada (14,99€) e o pica-pau de novilho (4,99€). São sugestões bem típicas da nossa gastronomia, que pode acompanhar com cocktails menos portugueses, como a margarita (8€), a caipirinha (5,9) e o mojito (5,9€). Existe também uma extensa carta de vinhos, com opções de brancos, verdes, rosés e espumantes.
Tudo isto num espaço com cerca de 74 metros quadrados e lugar para 38 clientes. “O restaurante tem um estilo urbano e moderno, mas faltam alguns detalhes para finalizar a decoração. Queremos acrescentar, por exemplo, alguns quadros, de modo a ter outra alma”.
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Fonte: Nit