Se na Copa do Mundo o país dos ‘hermanos’ saiu na frente do Brasil, quando o assunto é produção agrícola o cenário é outro. A Argentina deve ficar atrás não só do Brasil, mas também do Estado de Mato Grosso.
Os 11,8 milhões de hectares plantados com soja em Mato Grosso devem render uma safra de quase 43 milhões de toneladas. Na Argentina, as projeções são de 34,5 milhões de toneladas de soja. E foi a falta de chuva que causou esse impacto negativo ao país vizinho.
Segundo a Bolsa de Rosário (que faz projeções do agronegócio na Argentina) metade da safra da soja na principal região produtora, a rica pampa úmida, foi perdida por causa da seca. Pra piorar, a estimativa de colheita despenca a cada semana.
Mato Grosso x Argentina
Mato Grosso é o maior produtor de soja do Brasil – título que não deve perder tão cedo, já que estudos do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) apontam um aumento anual de 3,70% na área plantada até 2032.
E, atualmente, o milho é a principal cultura de segunda safra semeada no estado, que também é o maior produtor nacional do grão. Nesse assunto, o Mato Grosso também sai na frente da Argentina. Enquanto a produção total estimada por aqui é de 43,4 milhões de toneladas, no país vizinho, a projeção é um pouco menor: 42,5 milhões de toneladas.
Conhecida, mundialmente, como um dos maiores exportadores de grãos, farinhas e óleos de soja, e também um importante fornecedor de milho, óleo de girassol e trigo, a Argentina prevê que, este ano, alguns produtores podem perder toda a safra e não colher absolutamente nada.
As vendas para o exterior podem cair até 21%, no melhor dos cenários e 33% no pior deles. O resultado final, claro, vai depender da ocorrência das condições climáticas.
A chuva também trouxe impacto para a produção agrícola mato-grossense, tanto que o ritmo da colheita da soja no estado está abaixo da média dos últimos anos, segundo o Imea. Dos quase 12 milhões de hectares plantados, aproximadamente 24% estavam colhidos até o fim da primeira semana de fevereiro – um atraso de 22,61 pontos percentuais em relação ao ritmo registrado no ano passado.
Ainda de acordo com o Imea, diferente do que acontece na Argentina, por aqui é justamente o grande volume de chuva e longos períodos de nebulosidade que causaram esse atraso. E mesmo com esse atraso na colheita, a boa notícia é que o Imea revisou, para cima, a projeção de produtividade da soja na safra 2022/23 para Mato Grosso. O rendimento deve ser recorde, com média de 60,43 sacas por hectare, alta de 3,38% em relação ao último relatório. No médio-norte o cenário é ainda melhor com rendimento de 61,03 sc/ha.
O desempenho de Mato Grosso é comemorado porque tem reflexo direto nos resultados do Brasil nas exportações. Entre janeiro e novembro de 2022 o estado foi a principal origem dos produtos exportados, contribuindo com 35% das vendas externas, seguido por São Paulo (15%) e Paraná (pouco mais de 10%).