Ouvido na 1ª Delegacia de Polícia Civil após se apresentar nesta quinta-feira (16), o policial reformado José Roberto de Souza relatou que o homicídio de Antônio Caetano, de 67 anos, não foi premeditado. O homicídio aconteceu na segunda-feira (13), no Procon em Campo Grande.
“Sentia que a vítima estaria destratando ele, tratando de forma desrespeitosa”, comentou o delegado responsável pelo caso Antônio Souza Ribas Junior. Isso teria sido dito pelo policial reformado em depoimento, que prestou acompanhado do advogado José Roberto da Rosa.
Ainda segundo o delegado, o militar reformado se mostrou calmo durante o depoimento. “Ele não alega que foi premeditado”, afirmou o delegado. A princípio, o militar confirmou que andava armado, sendo que não teria levado a arma propositalmente.
Já no Procon, na segunda-feira (13), as partes discutiam quando Caetano teria levantado da cadeira. Em seguida, o PM também levantou e fez os três disparos.
Com isso, é apurado se o militar teria agido alegando que atirou como uma reação após Caetano se levantar, bem como todas as discussões anteriores.
Desacordo comercial entre as partes
Assim como relatado pelo delegado Antônio Ribas, o advogado José Roberto da Rosa também comentou que o PM contou sobre as várias discussões anteriores com Caetano. Os dois tiveram problemas desde que José contratou os serviços de Caetano.
Tais serviços seriam para reparos na caminhonete do policial reformado, uma SW4. A partir daí, os dois teriam se desentendido por causa da nota fiscal.
Isso, porque segundo Souza o valor que ele pagou foi de R$ 30 mil, mas a nota fiscal apresentada por Caetano tinha o valor de R$ 22 mil. Assim ambos tiveram desentendimentos desde aproximadamente setembro de 2022.
A defesa chegou a alegar que um tom de deboche na audiência de segunda-feira teria sido a gota d’água para José Roberto. A arma de fogo do policial não foi localizada até o momento.
A princípio, ele teria deixado a arma embaixo de um banco de concreto, na região da Lagoa Itatiaia.
PM foi reformado por problemas psicológicos
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, o militar foi para a reserva remunerada em 2011, sendo reformado já em 2015. Isso teria ocorrido por problemas psicológicos, no entanto, não foram especificados quais seriam esses problemas.
Assim, com a motivação pela qual o militar foi reformado, ele deveria perder o porte de arma. A princípio, o policial não tem antecedentes criminais.
Tanto a Polícia Civil quando a defesa de José Roberto afirmaram que vão buscar o laudo da aposentadoria do policial. Isso, para identificar quais problemas psicológicos teriam resultado no afastamento do militar.
O caso é investigado como homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que impossibilite a defesa da vítima. Se confirmado o porte ilegal de arma de fogo, José Roberto também deve responder pelo crime.
Velório de Caetano
“Se até no banco você tem de deixar seu celular na porta para entrar, como em um lugar onde é feita conciliações, uma pessoa entra armada”, questionou Michelle. A filha relata que Caetano era muito alegre e aproveitava muito a vida.
Sexta-feira (10), foi o último dia que falou com o pai por vídeochamada, já que mora em Campinas. Já Vagner Tomé Caetano, de 46 anos, acredita que o crime tenha sido premeditado.
“Quem vai armado para uma audiência?”, lamentou o filho do empresário. Ele ainda disse que Caetano, em 40 anos trabalhando, nunca teve problemas com nenhum cliente. “Justiça só a divina por que a dos homens é falha”, falou.
O crime
A primeira audiência de conciliação ocorreu na sexta-feira (10), quando a conversa ocorreu de forma ‘normal’. Assim, foi feito acordo para resolver a dívida de R$ 630.
Então, o devedor teria assinado o compromisso de devolver o valor referente a um carro na segunda, em audiência marcada para 8h30. O fornecedor já estava dentro da sala, que fica no térreo, quando o cliente chegou e disparou contra ele.
Apesar de testemunhas relatarem terem ouvido três tiros, a vítima teria sido atingida por dois, um na cabeça e outro no tórax. Uma funcionária, de 45 anos, relatou o momento de desespero.
Segundo ela, na hora havia muitos clientes e servidores no local. “Foi tudo muito rápido. Escutei uns três ou quatro disparos. Começamos a entrar debaixo das mesas. Foi desesperador. O nosso medo era de ele sair atirando em todo mundo”, relatou.
Ainda segundo ela, apesar da sala ser aos fundos de onde ocorreu o crime, não viu a hora que o atirador saiu e passou por ela.
*Com informações MidiaMax