Três títulos disputados e três perdidos.
Nunca na história do Flamengo o clube havia disputado decisões de torneios tão importantes em um mês.
E muito menos perdido.
O que aconteceu ontem no Maracanã, com recorde de público em jogos entre clubes, com 71.411 torcedores, foi inusitado.
Quando a torcida, aos 50 minutos de partida, já estava sem esperança e xingava o time do Flamengo de ‘sem vergonha’, veio o gol de Arrascaeta, que igualava o placar do Equador. E a decisão passou por prorrogação e decisão nos pênaltis.
Por coincidência, o uruguaio Arrascaeta foi o único a perder, entre os dez cobradores. E o título ficou com o Independiente del Valle, clube equatoriano com orçamento 24 vezes menor do que a do Flamengo.
No centro do clima de desolação estava o português Vítor Pereira.
A pergunta óbvia, pela maneira dos clubes brasileiros trabalharem, era uma só: o treinador sairia do Flamengo?
Não, ele foi para a coletiva após o jogo, tenso, acuado.
Mas sem pedir demissão ou demitido.
Vítor Pereira, desesperado, durante a decisão de ontem. Treinador estava sem controle emocional
REPRODUÇÃO/TWITTER
Por um motivo simples, não foi apenas o vice de futebol Marcos Braz quem quis o português no lugar de Dorival Junior, que havia conquistado a Libertadores e a Copa do Brasil. O mais empolgado com a troca foi o presidente Rodolfo Landim.
Ou seja, por enquanto, Vítor Pereira seguirá comandando o Flamengo, apesar de toda frustração da perda histórica de três títulos em um mês.
“Nós não deveríamos ter começado dessa forma (perdendo).
“Deveríamos ter começado com títulos, mas é um trabalho que está no início. Os dois últimos jogos com todo o elenco, os jogadores deram sinais claros de um grupo unido que quer jogar um futebol de qualidade. É um grupo alinhado. É um trabalho que está no início, não é como começa e sim como acaba.
“Acredito que essa equipe vai dar muita alegria aos torcedores, vai jogar um futebol consistente, de qualidade. Com espírito de grupo, alinhados com a torcida.
“Estamos tristes e frustrados com o resultado”, desabafou.
O português sabe que a pressão será imensa.
A conquista do Campeonato Carioca se tornou obrigação.
Embora seu time tenha dado 26 chutes a gol, durante os 120 minutos, a equipe apelou para 59 cruzamentos para a área equatoriana, demonstrando falta de imaginação, de criatividade. A afobação foi desde o primeiro minuto.
Vítor Pereira tinha o forte argumento de pouco tempo de trabalho. Deveria, com três títulos importantes em jogo, logo no início da temporada, começado a trabalhar antes com os atletas. Falha sua e da diretoria.
“Seria muito mais fácil e cômodo para mim não assumir a equipe nessas condições. Assumi a equipe sabendo que nós praticamente já jogamos 12 ou 13 jogos. É uma pré-temporada, é como mudar o pneu do carro em andamento. Estamos tentando criar um jogo que já vejo que começa a ser visualizado, começo a ver muita coisa desse jogo”, disse o treinador, após o fracasso de ontem, tentando convencer a imprensa.
Festa equatoriana no Maracanã. Independiente del Valle festeja o fracasso do Flamengo
REPRODUÇÃO/TWITTER
A situação está tensa na Gávea.
Landim passou a ser muito cobrado pelos três perdas de títulos.
Mais: pela saída de Dorival Junior.
Embora Vítor Pereira escape da demissão neste momento, os defensores da volta de Jorge Jesus é uma realidade.
A multa do treinador português no Fenerbhaçe é de 4 milhões de euros, cerca de R$ 20 milhões.
As três derrotas seguidas do Flamengo faz conselheiros importantes cobrarem Braz e Landim, pedindo a volta do treinador.
Landim, Marcos Braz e Vítor Pereira.
O planejamento para o início de 2023 deu tudo errado.
E agora?
Não será vencendo o Carioca que tudo se acalmará…