Os corredores de ônibus de Campo Grande voltam novamente para o foco das reclamações após dois casos recentes de atropelamentos, um deles com morte de uma idosa. A pista exclusiva para o transporte coletivo gera reclamação por parte de motoristas, comerciantes e até pedestres.
Funcionando há cerca de três meses, o corredor é alvo de reclamações por parte dos motoristas desde antes de entrar em funcionamento. “Esses corredores, quando não tiram a vida de inocentes, causam prejuízos (acidentes e batidas); com obras inacabadas”, escreveu um leitor do Jornal Midiamax.
Na terça-feira (28), Evanir Carvalho de Souza, de 60 anos, morreu após ser atropelada enquanto atravessava fora da faixa de pedestre. Ela foi atingida, por um Renault Captur, justamente na via destinada aos ônibus.
Corredor já custou mais de R$ 18,9 milhões
Vale ressaltar que carros e motos podem entrar na faixa apenas para realizar a conversão – transitar, parar ou estacionar é proibido. “[…] tanto moto quanto carro, sem ter o mínimo de respeito por quem está ali sentado nos novos pontos. Às vezes os ônibus chegam ali, reduzem e param. Já quem entra ali com o sinal verde ‘tacalipau‘, mesmo em horário de pico”, postou uma leitura.
Com as mudanças no trânsito impostas pela implantação dos corredores, os ônibus transitam à esquerda, em uma faixa exclusiva destinada para os coletivos. A ideia é que, com a faixa livre, o tempo de viagem dos ônibus diminua.
“Corredor de ônibus na esquerda nem ônibus anda. Eles ocupam a direita e a esquerda fica livre e o motorista usa mesmo, ali na Bandeirantes“, escreveu outro leitor.
A obra já custou R$ 18,9 milhões aos cofres públicos, e a construtora responsável ganhou um extra de R$ 1,5 milhão.
Colisão carro x ônibus
Há uma semana, um ônibus acabou colidindo com um carro de passeio, no corredor da Rui Barbosa, logo após a Rua Barão do Rio Branco. Neste caso, felizmente, não houve feridos.
De acordo com o filho da motorista do carro de passeio, de 25 anos, a mãe, de 59 anos, entrou na faixa destinada ao corredor, pois ia virar na Rua Dom Aquino e foi atingida por atrás pelo ônibus. Com o impacto, o carro foi lançado para o lado da calçada e atingiu o guard rail.
“Na hora que a gente entrou no corredor de ônibus, não sei se ela [motorista] não viu ou o ônibus que não viu ela, por ser alto, mas acertou em cheio na traseira”, descreveu ele ao Jornal Midiamax.
De sugestão ao ataque
Nas redes sociais, são dezenas de comentários a respeito dos corredores de ônibus. Dependendo do perfil de cada internauta, os comentários vão desde sugestões até ataques.
“Tem que fazer como em Curitiba. Canaleta. Acaba com o zig-zag de ônibus também”, sugeriu um internauta. “Nossa cidade cada vez mais no retrocesso com esses gestores de órgãos, que fariam todo a diferença”, postou outro.
Há também relatos de situações que ocorrem no trânsito de Campo Grande:
‘Pontões’ de ônibus
Ao longo da Rui Barbosa, pontões instalados à esquerda da via, e que também geram dúvidas para os motoristas, fazem com que os motoristas do transporte público executem um ‘zigue-zague’ no trânsito, já que em alguns trechos eles precisam passar por pontos tradicionais à direita e, onde há os pontões novos, devem acessar a faixa da esquerda.
Perda de estacionamento, falta de segurança para pedestres e lentidão na via são só alguns dos problemas citados por comerciantes, pedestres e motoristas.
Entre as dúvidas de quem passa pelos corredores estão: por que as estações de embarque estão posicionadas do lado esquerdo da faixa de trânsito e não nas calçadas ou no lado direito das vias, onde tradicionalmente estão os pontos de ônibus? Por que a instalação dessas grandes estruturas em uma rua que já era estreita na região central?
Raimundo Gomes, de 65 anos, relembra que achou estranha a movimentação de um ônibus de transporte coletivo que passou para a pista do lado esquerdo da rua e depois retornou para a faixa da direita. Na Rui Barbosa, são cinco “pontões” e o corredor exclusivo de ônibus.