E se pudéssemos prever qual a incidência de mosquitos-da-dengue teríamos na cidade nos próximos dias? Passaríamos mais repelente? Cuidaríamos mais do nosso quintal? Essa é a promessa de uma plataforma virtual promovida pela SC Johnson, e que já está funcional no Brasil, inclusive nas cidades de Mato Grosso do Sul.
Lançado nos EUA no ano passado, o OFF!Cast Previsão de Mosquitos é uma sinergia entre a empresa, o Google Cloud e o Climate Engine que, em outras palavras, prevê as chances de você se deparar com um exemplar do Aedes aegypti, que também transmite zika e febre chikungunya, aí na sua cidade com até sete dias de antecedência.
E os indicadores são, aparentemente, condizentes com a realidade de cidades de Mato Grosso do Sul. Isto é, cruzando a incidência da doença com as cidades pesquisadas pela reportagem na plataforma, os dados do OFF!Cast parecem confiáveis.
Números alarmantes, previsão também
Um exemplo é o município de Antônio João, localidade com a maior incidência de casos prováveis de dengue em MS, de acordo com o último Boletim Epidemiológico da Dengue divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde).
Com incidência de 5.055,4, a cidade tem “alta previsão” de mosquitos-da-dengue todos os dias, até a próxima quarta-feira (19). Outra cidade no “top 5” de dengue em MS, Bodoquena, que teve incidência de 4.707,8, também surgiu na ferramenta com alta probabilidade de mosquitos.
A situação é muito pior no terceiro município listado no boletim: Alcinópolis (4.652) aparece na ferramenta com previsão “grave” de incidência de mosquitos por todos os dias, também até a próxima quarta-feira.
Batayporã (4.537,8) e Itaporã (4.280,3), que fecham o ranking, terão probabilidade variando entre alta e grave. Até mesmo em Iguatemi, a localidade com a menor incidência (30,9), a previsão de mosquitos também é alta até o próximo dia 19.
Na capital Campo Grande, cidade que lidera o total de casos de dengue em MS, a previsão é alta para mosquitos até quarta. Detalhe: na terça-feira (18), no entanto, o índice é previsto como “grave”.
O que dizem as cores
Conforme a ferramenta, e de forma reduzida, os indicadores coloridos que surgem após as buscas apontam a probabilidade da população de mosquitos no ambiente ser alta ou baixa e, ainda, a atividade do mosquito – fatores que seriam influenciados pelo clima e pelas condições (des)favoráveis de reprodução dos insetos nos últimos dias, conforme descrito abaixo:
> Baixa/Verde – baixa probabilidade e mosquitos pouco ativos
> Média/Verde – média probabilidade e mosquitos pouco ativos
> Alta/Laranja – alta probabilidade e mosquitos ativos
> Muito alta/Vermelho – altíssima probabilidade e condições ideais para mosquitos há vários dias
> Severa/Vermelho-escuro – altíssima probabilidade e condições perfeitas para mosquitos há pelo menos 14 dias
Como funciona a previsão?
Segundo a própria plataforma, basicamente, são três fatores que fazem com que o prognóstico da população de Aedes aegypti em uma localidade seja confiável: previsão do tempo, conhecimento sobre o ciclo de vida do mosquito e uma contagem da população de mosquito em mais de 5.000 locais, provida pela VectorBase.
Além disso, testagens que duraram cerca de 6 anos e possibilitaram aproximadamente 33 milhões de dados teriam apresentado resultados correspondentes à realidade.
“Temperatura e a umidade são as principais informações usadas na previsão de mosquitos. Mas a questão como um todo é mais complexa. Por exemplo, mosquitos precisam de dias consecutivos de temperaturas mais quentes para se reproduzirem e se tornarem ativos”, traz explicação da plataforma.
A ferramenta ainda descreve que, além disso, o comportamento do mosquito depende da temperatura. Em dias muito quentes, eles se escondem. Nos muito frios, ficam menos ativos – o que é conhecido como efeito “cachinhos dourados”.
“Por isso, ajustamos automaticamente nossos algoritmos considerando esses dias. Também é necessário haver umidade suficiente para os mosquitos se proliferarem”, explica o OFF!Cast.
Dengue chegou aos 79 municípios de MS
Todos os 79 municípios de Mato Grosso do Sul já contam com casos confirmados de dengue em 2023. Até o penúltimo boletim da SES, apenas Jateí se destacava como o único município sul-mato-grossense sem casos prováveis de dengue neste ano, o que mudou conforme o relatório dos últimos dias.
No ranking, Campo Grande lidera com maior quantidade de casos prováveis, 3.695 ao todo. Na sequência, aparecem Corumbá com 3.141, Três Lagoas com 3.036, Sidrolândia que soma 1.123 casos e Itaporã com 1.077. Na outra margem, Paraíso das Águas, Iguatemi, Eldorado, são as cidades com menos casos, 4, 5 e 10, respectivamente.
No comparativo com o total da população, 63 cidades – 79% de todos os municípios de MS – estão em situação crítica por apresentarem alta média de incidência de casos por morador. Antônio João, Bodoquena, Alcinópolis e Batayporã têm o pior desempenho e apenas Ribas do Rio Pardo, Eldorado, Paraíso das Águas e Iguatemi estão na faixa verde, ainda com a doença sob controle.
midiamax