Reinfecção pela dengue: Pegar doença pela segunda vez pode causar quadro grave, afirma infectologista

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Com o crescimento expressivo de pessoas infectadas pela dengue, surgem dúvidas sobre a gravidade da doença e até mesmo sobre possibilidade de reinfecção. Só neste ano, o Brasil registrou 532.921 casos prováveis de dengue.

om o objetivo de esclarecer dúvidas, o SBT News investigou quais os riscos da reinfecção pelo Aedes aegypti. Entenda:

O que é a dengue?

Segundo o Ministério da Saúde a dengue é uma doença transmitida por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, que precisa de sangue para produzir seus ovos.

Quem já pegou dengue pode ser infectado de novo?

Sim. Segundo o infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri, ao ser infectado por algum tipo de dengue, o corpo não fica imune à doença, e a mesma pessoa pode ser infectada novamente.

“As pessoas podem se infectar 4 vezes pela dengue. Pois se ela pegou o tipo de dengue 1, por exemplo, ela pode pegar de novo algum dos outros 3 tipos. Não é como sarampo, caxumba, rubéola, catapora que a pessoa só tem uma vez na vida. A dengue, por ter 4 tipos de vírus imunologicamente distintos, uma imunidade garantida não garante que as pessoas fiquem imunes aos outros 3 tipos. Então é por isso que as pessoas podem pegar dengue até 4 vezes na vida”, afirmou Kfouri.

Quais são os riscos de reinfecção?

Segundo o infectologista, a reinfecção dificilmente ocorre num intervalo menor do que entre 3 e 6 meses. Os anticorpos produzidos após o paciente ter sido infectado pela doença não protegem a pessoa 100%. São raros os casos de duas infecções num intervalo pequeno.

Ele explicou que o principal fator de risco em pegar o vírus novamente, ou seja, pela segunda vez, resultará em sintomas mais graves – pois o corpo recebe uma resposta de imunização exagerada e desorganizada.

“Nem um dos tipos de dengue é mais grave ou menos grave que o outro. Não dá pra saber se você está com dengue tipo 1, 2, 3 ou 4 apenas pelos sintomas. E sim, há risco de reinfecção. O principal fator de ter risco pra desenvolver uma dengue grave é essa ser a segunda infecção da pessoa. Não a primeira, não a terceira e nem a quarta. Ao pegar a infecção pela segunda vez, há mais riscos. Isso ocorre por conta de um fenômeno imunológico, que quando você se infecta pela primeira vez você produz anticorpos contra os quatro tipos, que duram pouco tempo. Esses anticorpos cruzados é que fazem que, quando você se reinfecta, por um outro tipo de dengue, o corpo produz uma resposta imune exagerada, desorganizada e é isso que faz a segunda infecção ter um risco maior de gravidade do que na terceira ou quarta infecção”, explicou o infectologista.

Quais são os sintomas?

A infecção por dengue nem sempre apresenta sintomas. A pessoa pode ter a doença de forma assintomática ou apenas sintomas leves.

Na forma clássica da doença, além da febre alta (maior que 39°C) — que pode durar até 7 dias — o indivíduo pode apresentar pelo menos outros dois sintomas:

⦁ dor de cabeça

⦁ mal estar

⦁ dor muscular intensa

⦁ dor ao movimentar os olhos

⦁ falta de apetite, náuseas e vômitos

⦁ manchas vermelhas no corpo

Entretanto, é preciso ficar atento aos sintomas que indicam a forma grave da doença, que pode levar à dengue hemorrágica:

⦁ dor abdominal intensa e contínua

⦁ vômitos persistentes

⦁ acúmulo de líquidos em cavidades corporais

⦁ sangramento de mucosa

⦁ hemorragias

Ao apresentar possíveis sintomas de dengue, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, alerta o Ministério da Saúde.

Qual é o tratamento?

Não existe necessidade da realização de exames específicos para o tratamento da doença, já que o diagnóstico da dengue é baseado nas manifestações clínicas, ou seja, nos sintomas. Ao suspeitar da infecção, é fundamental procurar um hospital para o diagnóstico correto e, em casos graves, para internação e manejo clínico adequado, reforça o Ministério da Saúde. Em casa recomenda-se, nos quadros clássicos:

⦁ repouso

⦁ ingestão de líquidos

⦁ administração de analgésicos, como paracetamol ou dipirona, em caso de dor ou febre

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