Viajar para o exterior exige bastante planejamento, principalmente quando é para um país com moeda mais forte, como os Estados Unidos. Segundo especialistas, antes de se aventurar na Disney, em Nova York ou outro destino americano é fundamental comprar dólares com antecedência e em etapas, para conseguir o melhor preço médio. Mas também é importante saber onde guardar o dinheiro até a viagem – e não é na doleira no fundo do guarda-roupa.
A compra de dólares deve ser idealmente distribuída ao longo de pelo menos nove meses, que é o prazo recomendado para diminuir o efeito da volatilidade do câmbio e preservar o capital para não ter surpresas na hora de embarcar. Nessa janela, as opções de investimento em dólar não são tão fartas, mas existem.
“Quando falamos de um prazo curto como este, o investimento no exterior tem a mesma premissa de uma alocação similar no Brasil. O ideal é balancear liquidez, rentabilidade e segurança. Para isso, a renda fixa americana surge como uma opção atrativa”, diz Bruna Allemann, chefe de investimentos internacionais da Nomos.
Alguns anos atrás, investir por alguns meses em renda fixa dos Estados Unidos não fazia sentido, pois os juros eram próximos de zero e, por isso, os rendimentos não eram relevantes, ainda mais para prazos tão curtos. Mas o contexto mudou, e as taxas dos EUA estão num patamar alto para os padrões do país, de cerca 5,5% ao ano – ainda muito abaixo da Selic no Brasil, mas atrativo para aplicações em dólar.
“Não existe mágica que vá fazer o dinheiro render uma grande quantia em meses. Ainda mais se considerarmos que estamos falando de uma aplicação conservadora, pois o objetivo é não perder valor. Tempos atrás, não tinha nem o que fazer. Hoje, mesmo em três meses, os títulos públicos vão render algo”, diz Mário Nevares, sócio responsável por investimentos internacionais na G5 Partners.
Em que investir?
A principal indicação dos especialistas é aplicar os dólares reservados para a viagem no exterior em títulos de curto prazo do Tesouro Americano (Treasuries), com vencimentos de meses. É possível investir diretamente nos títulos ou via ETFs – desde que o fundo invista em títulos de curto prazo.
“É importante correr o menor risco possível. Ao comprar o título do Tesouro, o interessante é levar até o vencimento, para garantir o retorno e não perder valor com a marcação a mercado. No caso dos ETFs, os de títulos curtos tem pouca variação de preço e pagam juros”, diz Nevares.
Para o Tesouro Americano, a indicação dos especialistas são os Treasury Bills, que são os títulos com vencimentos de um mês a um ano. Já para os ETFs, algumas opções são:
- SPDR Bloomberg Barclays 1-3 Month T-Bill ETF (BIL): investe em títulos do Tesouro com vencimentos de 1 a 3 meses;
- iShares Short Treasury Bond ETF (SHV): inclui títulos do Tesouro com vencimentos de até 1 ano;
- BlackRock Treasury Floating Rate Bond ETF (TFLO): investe em títulos do governo americano com taxa flutuante, de curtíssimo prazo (até 3 meses).
Contas rendeiras
Outra opção para garantir algum rendimento durante os meses de espera para a viagem são os fundos Money Market, espécies de “contas rendeiras” em dólar. Eles oferecem liquidez diária, quase como um fundo DI do Brasil, mas os recursos ficam aplicados em títulos privados, como certificados de depósitos, por exemplo.
“São a melhor opção de investimento em renda fixa para o curto prazo. Ideal para quem precisa de uma reserva em dólar para uma viagem ou algum compromisso de curto prazo”, diz Marcus Vinícius Leôncio, especialista em investimentos globais da Monte Bravo.
A plataforma Bankrate, que reúne dados sobre produtos financeiros nos EUA, mostra que esses fundos estão rendendo em torno de 5,25% ao ano.
Há ainda as saving accounts, que pagam juros sobre depósitos de a partir de US$ 1, mais ou menos como a poupança brasileira. Segundo o Bankrate, os rendimentos atuais dessas contas também estão na faixa dos 5%, mas essa opção é exclusiva para quem tem conta em bancos americanos.
Como investir?
Corretoras brasileiras com oferecem contas internacionais oferecem ETFs, Treasuries e demais investimentos, com exceção das saving accounts. O investidor, no entanto, precisa ficar atento a detalhes como prazo de resgate e recolhimento de impostos.
“Se for uma viagem de curto prazo, uma a duas semanas, é interessante ter todo o valor de uma vez. Mas, se for o caso de uma viagem de um mês ou mais, os resgates podem acontecer aos poucos, para manter o dinheiro rendendo”, recomenda Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar.
O profissional afirma que os impostos não devem prejudicar muito o rendimento das aplicações, considerando que os prazos serão curtos. Investimentos internacionais estão sujeitos a alíquota de 15% sobre o lucro, ou seja, nesse caso, sobre os juros recebidos no período.
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