Análises preliminares sobre a queda do avião da Voepass na tarde de sexta-feira (9), em Vinhedo, no interior de São Paulo, mostram que a aeronave passou por condições meteorológicas “caóticas”, que podem ter resultado no supercongelamento da água ao redor do avião.
Durante oito minutos e 42 segundos, a aeronave enfrentou uma zona crítica em que o ATR-72 teve que reduzir a velocidade ao passar por nuvens carregadas, em temperaturas que variavam entre -45°C e -60°C.
A análise é do meteorologista Humberto Barbosa, do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). Em entrevista ao portal UOL, Barbosa afirmou que “toda a região estava um caos”.
Ao analisar dados climáticos e imagens de satélite do momento em que o voo cruzava a região do Paraná e de São Paulo, o especialista afirmou que a condição climática era “rara”, devido a uma nuvem de fumaça gigante vinda das queimadas da Amazônia e à frente fria que atinge o centro-sul do país.
Barbosa acredita que a temperatura muito baixa, abaixo do ponto de congelamento da água, pode ter afetado a aerodinâmica do avião. O nível era de supercongelamento, quando a água permanece líquida, mas muito gelada em razão das temperaturas extremamente baixas.
“Como [a água] permanece líquida, o avião fica mais úmido e isso facilita a formação de gelo”, diz o meteorologista, o que pode ter levado a uma maior aderência à aeronave, resultando na formação de gelo.
Caixas-pretas em análise
A Força Aérea Brasileira anunciou na terça-feira (13) que as caixas-pretas do ATR-72 gravaram “com êxito” os registros de voz e dados da aeronave. Investigadores costumam usar possíveis alarmes sonoros e conversas entre pilotos e controladores de tráfego aéreo para determinar as causas de um acidente.
O gravador de voz da cabine de comando e o gravador de dados de voo estão sendo analisados desde sábado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em Brasília, para determinar a causa do acidente.
Um relatório preliminar é esperado dentro de 30 dias após o início dos trabalhos nos motores do avião, que foram levados para as instalações do Cenipa em São Paulo.
Vídeos da queda do avião foram analisados por especialistas em aviação e levaram alguns a especular que havia gelo acumulado na aeronave. Na sexta-feira (9), a Voepass informou que havia previsão de gelo nas altitudes em que o avião estava voando, mas que deveria estar dentro de um nível aceitável.
A aeronave caiu e explodiu no jardim de um condomínio residencial na cidade de Vinhedo, cerca de 80 quilômetros a noroeste de São Paulo. Ninguém no solo ficou ferido, mas todos os passageiros e tripulantes morreram.
Fonte: Infomoney